Os trabalhos que venceram o Prêmio João Ribeiro, da Fapitec, incluem curativo inovador, bioinseticida sustentável e startups que unem pesquisa e empreendedorismo na produção de medicamentos e cosméticos naturais

Três professores e um aluno de doutorado da Universidade Tiradentes (Unit) foram premiados no XIII Prêmio João Ribeiro de Divulgação Científica e Inovação Tecnológica, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec). Eles tiveram seus projetos escolhidos entre os melhores de três das seis categorias do prêmio, que reconhece o trabalho de pesquisadores, empreendedores e jornalistas que divulgam as pesquisas científicas feitas em Sergipe.  

O prêmio é realizado pela fundação estadual há 13 anos, em homenagem ao professor, jornalista e historiador sergipano João Batista Ribeiro Fernandes (1860-1934), imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) e um dos pioneiros da divulgação do jornalismo científico nacional. A entrega dos prêmios está prevista para acontecer no dia 25 de agosto e os 22 vencedores receberão, ao todo, R$ 91,3 mil em premiações. 

“O Prêmio João Ribeiro está ligado à popularização da ciência, e valoriza a divulgação científica. O pesquisador não está escrevendo de forma hermética, só para os pares. Ele está preocupado com a população, numa leitura mais ampla. Isso significa que os nossos pesquisadores estão preocupados em levar esses resultados efetivamente para a sociedade. O prêmio do pesquisador é ver que aquela sua pesquisa se tornou próxima da sociedade”, destaca o diretor acadêmico da Unit, professor Marcos Wandir Nery Lobão. 

Para a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Unit, Patrícia Severino, que foi uma das pesquisadoras vencedoras desta edição, esses prêmios representam o reconhecimento da excelência acadêmica e científica da instituição. “Eles evidenciam que a produção de conhecimento aqui tem qualidade, relevância e impacto, tanto regional quanto nacionalmente. Cada conquista fortalece a imagem da instituição, inspira outros pesquisadores e alunos, e reafirma o papel da Unit como um polo de inovação e transformação social”, disse ela. 

Os vencedores 

Dois dos vencedores foram contemplados na categoria Empresa Inovadora, por terem desenvolvido startups a partir de trabalhos de pesquisa e inovação. Juliana Cordeiro Cardoso, professora do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Saúde (PBS), que venceu com a 3D Pharma, uma empresa de base tecnológica para produção de medicamentos veterinários. A startup, da qual ela é uma das sócias, foi contemplada por causa do projeto que busca desenvolver um implante anti-inflamatório para pets obtido por tecnologia 3D. As pesquisas acontecem na própria startup e o produto deve ser lançado daqui a três anos, a depender das avaliações e aprovações junto aos órgãos reguladores. 

“Para mim, o que fez a diferença para a empresa ser premiada foi a formação das sócias, ambas doutoras com ampla experiência em diversos projetos de inovação, e a ousadia de sair da zona de conforto, indo para o mercado. A formação acadêmica é condição inicial para o desenvolvimento de produtos tecnológicos e deeptechs. E a formação de mestres e doutores, e suas atuações em empresas de base tecnológica, pode colocar Sergipe e o Brasil em outro patamar de competitividade”, diz Juliana, que também venceu o João Ribeiro na XII edição, em 2024, na categoria Pesquisador Inovador. “O reconhecimento é sempre muito bem-vindo, principalmente de um parceiro como a Fapitec, que sempre apoiou diversos projetos nossos”, comemora. 

O outro vencedor foi Elton Franceschi, professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP), que venceu com a Verdí Extratos & Bioativos, startup especializada na obtenção de produtos naturais (extratos, óleos essenciais e bioativos de origem vegetal) com tecnologia de alta pressão, para aplicação como insumos em cosméticos, fármacos e alimentos funcionais. A empresa, sediada em Aracaju, foi criada em sociedade com outros dois outros dois professores e pesquisadores da Unit: Tiago Bjerk (PEP) e Marcelo Mendonça (PBS)

“Acredito que o que mais contribuiu para a conquista do prêmio é o diferencial de qualidade dos insumos que são produzidos pela tecnologia que utilizamos associado ao mercado em que estes são aplicados. Hoje, o público busca produtos de cuidado e bem-estar que estejam intimamente associados à sustentabilidade e que sejam obtidos de fontes naturais. O mercado de cosméticos naturais, por exemplo, apresenta um potencial de crescimento significativo, impulsionado pela crescente demanda por produtos mais sustentáveis e saudáveis”, diz Franceschi, destacando que o João Ribeiro representa o reconhecimento da Verdí como uma das empresas mais inovadoras de Sergipe, com alto potencial de crescimento e inserção em um mercado altamente promissor. 

A professora Patrícia Severino, do PBS, venceu na categoria Pesquisador Inovador, com o estudo sobre uma membrana dupla baseada em nanopartículas de polimixina-alginato revestidas com lidocaína para cicatrização de feridas: caracterização in vitro e reparo tecidual in vivo. O projeto, que foi a tese de doutorado da professora Daniele Martins de Lima e teve a orientação de Patrícia, desenvolveu um curativo com atividade antimicrobiana para feridas infectas. “O diferencial foi a presença da lidocaína, anestésico, que evita dor do paciente nas trocas de curativos. Seu impacto é a redução do tempo de cicatrização de feridas, favorecendo o bem estar do paciente”, explica. 

A pesquisadora atribui esse diferencial como o que contribuiu para a conquista do prêmio, aliado à capacidade de estabelecer conexões sólidas com outros pesquisadores no Brasil e no exterior. “Ver esse trabalho reconhecido reforça a importância de unir ciência, inovação e impacto social. É também um incentivo para continuar formando alunos comprometidos e desenvolvendo pesquisas que possam transformar realidades. Mais do que um reconhecimento pessoal, considero essa conquista um reflexo do esforço coletivo e das parcerias que fortalecem a ciência brasileira”, considera Severino.

O pesquisador Matheus Goulart de Jesus Seabra, aluno de doutorado do PBS, conquistou o prêmio da Fapitec na categoria Jovem Cientista. O trabalho vencedor foi um estudo sobre um bioinseticida à base de conídios aéreos de Beauveira bassiana, um fungo presente no solo que é capaz de matar vários insetos causadores de pragas na agricultura. Orientado pelos professores Marcelo Mendonça e Patrícia Severino, ele concluiu que o encapsulamento de conídios do fungo em micropartículas de alginato de sódio/maltodextrina por secagem por atomização é uma abordagem tecnológica promissora para o controle biológico de pragas agrícolas. O artigo da pesquisa foi publicado no Egito, em novembro de 2024, pela revista científica da Sociedade Egípcia para Controle Biológico de Pragas (ESBCP). 

Autor: Gabriel Damásio

Fonte: Asscom Unit