Durante a sessão desta quarta-feira (15), a deputada estadual Linda Brasil (Psol) utilizou a Tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese) para denunciar um caso de intolerância religiosa ocorrido no terreiro Ilê Axé Iá Oxum, localizado no bairro Robalo, em Aracaju. O espaço sagrado foi invadido, violado e parcialmente destruído no último dia 3 de outubro.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram a porta arrombada, cômodos revirados e objetos sagrados espalhados pelo chão. Roupas litúrgicas, instrumentos de culto, utensílios domésticos como: geladeira, fogão, botijão de gás e uma máquina de costura usada para confeccionar indumentárias rituais, foram furtados ou danificados.

“Os responsáveis pela casa denunciam que esse ataque não foi mero vandalismo, mas uma afronta à identidade religiosa, à autonomia dos povos tradicionais de axé e à sua dignidade espiritual. Trata-se de um caso de racismo religioso, que atinge diretamente símbolos, crenças e o espaço sagrado de uma comunidade de fé que já sofre discriminação”, afirmou.

Linda Brasil informou que a Polícia Civil já registrou Boletim de Ocorrência e que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Atendimento a Crimes Homofóbicos, Racismo e Intolerância Religiosa (DACHRI), responsável por apurar esse tipo de violência contra a liberdade de crença.

A parlamentar destacou ainda a importância da Lei nº 9.404/2024, de sua autoria, que institui o mês “Abril Verde” e o Selo de Combate ao Racismo Religioso e à Intolerância Religiosa, instrumentos que visam fortalecer a proteção aos povos de matriz africana e à diversidade religiosa em Sergipe.

 “Expresso minha total solidariedade ao Ilê Axé Iá Oxum, às suas lideranças espirituais e à toda comunidade de axé atingida por esse ato brutal. O que ocorreu não foi apenas uma invasão material, mas uma violação profunda da dignidade, da ancestralidade e da liberdade religiosa do povo de axé. Reafirmo meu compromisso de seguir atuando para que nenhuma casa de axé em Sergipe volte a ser alvo de violência ou desrespeito. O Ilê Axé Iá Oxum não está só”, enfatizou.

Frente Ampla contra as Organizações Sociais

Linda Brasil também relatou sua participação no lançamento da Frente Ampla contra as Organizações Sociais (OSs), movimento em defesa do concurso público e da gestão direta dos serviços públicos. “A Frente foi criada em resposta ao sucateamento e à entrega da Saúde, Educação e Assistência Social às Organizações Sociais, tanto no Estado quanto no Município de Aracaju”, explicou.

Um ato, realizado na terça-feira (14), reuniu sindicatos, centrais sindicais, parlamentares e trabalhadores em defesa da saúde pública. A caminhada saiu da sede do Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindmed) e seguiu até o bairro 13 de Julho.

A deputada falou sobre denúncias envolvendo a Organização Social Irmandade Boituva, responsável pela administração do Hospital da Criança. “A organização realizou mudanças prejudiciais a usuários e trabalhadores: descumprimento da carga horária de assistentes sociais; salários abaixo do piso da categoria; contratações sem garantias trabalhistas; substituição de médicos pediatras por generalistas; e vínculo com uma empresa cuja sede funcionava em uma loja de frutos do mar”, pontuou.

A parlamentar criticou ainda a gestão da prefeita de Aracaju, Emília Corrêa, que está transferindo a administração das Unidades de Saúde da Família (USFs) para o Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas). “O Processo Seletivo nº 1018/2025 oferece salários 48,78% abaixo do valor recomendado pela categoria de assistentes sociais e apresenta falhas no formulário de inscrição, comprometendo a inclusão de Pessoas Com Deficiência (PCDs). É lamentável ver o desmonte da saúde pública em nosso estado. Estamos analisando juridicamente o caso e tomaremos as medidas cabíveis”, concluiu.

Foto: Jadilson Simões / Agência de Notícias Alese