Psicóloga destaca a importância do bem-estar materno desde a gestação e os impactos diretos na saúde física, emocional e cognitiva da criança
A saúde emocional das mães pode ser decisiva para o desenvolvimento de seus filhos. Estudos mostram que cerca de 40% das mães podem desenvolver sintomas de depressão ou ansiedade, especialmente no período pós-parto. O dado acende um alerta sobre a importância
de olhar com mais atenção para a saúde mental materna — um tema que vai muito além do bem-estar individual e alcança diretamente o desenvolvimento infantil.
É o que destaca a psicóloga Calila Caldas, docenteda Ages, ao chamar atenção para os impactos da saúde mental materna desde a gestação até os primeiros anos da infância. Segundo a especialista, quando a mãe está bem emocionalmente, há maiores chances de a
criança apresentar bons resultados tanto no desempenho escolar quanto nas habilidades sociais e emocionais.
“A autoestima e o otimismo da gestante, por exemplo, estão associados a bebês com peso saudável ao nascer e menor risco de prematuridade”, afirma, citando dados de estudos internacionais.
A psicóloga explica ainda que o bem-estar materno pode influenciar positivamente no desenvolvimento de funções executivas da criança, como atenção, memória e controle emocional. “Até mesmo o jeito da mãe lidar com as emoções e estar presente de forma atenta
pode impactar no processamento das emoções e reações dos filhos”, destaca.
No entanto, o cenário nem sempre é leve. Caldas alerta que fatores como sobrecarga doméstica, conflitos familiares e desgaste físico podem comprometer a saúde mental da mulher e aumentar os riscos de adoecimento psíquico. As intervenções, no entanto, têm se
mostrado eficazes. Atividades baseadas em atenção plena, psicoterapia e programas de apoio à parentalidade contribuem para fortalecer a autoestima, o afeto positivo e a autoeficácia das mães. “Cuidar da saúde mental materna é uma estratégia não só de autocuidado,
mas também de promoção da saúde infantil e familiar”, reforça a docente.
Neste contexto, Calila destaca ainda o Maio Furta-cor — mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental materna. A campanha propõe uma reflexão mais profunda e empática sobre os desafios da maternidade e a importância de dar visibilidade ao cuidado emocional
com as mulheres. “Falar sobre esse tema é fundamental para quebrar tabus, ampliar o acolhimento e promover políticas públicas que protejam e amparem mães em diferentes contextos sociais”, completa.
Para professora, compreender a vivência emocional das mães é essencial para garantir um desenvolvimento infantil mais saudável e completo. “Quanto mais entendemos sobre as emoções e comportamentos maternos, mais preparados estaremos para apoiar as famílias de forma integral”, conclui.
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