Vice-procuradora-chefa do MPT-SE, Clarisse Farias Malta, falou sobre o tema em entrevista ao podcast Bem Temperado
Este mês é dedicado à campanha Agosto Lilás, de combate à violência contra a mulher. Seja física, patrimonial, psicológica, a violação à integridade da vítima não ocorre apenas em casa, mas pode acontecer, também, no trabalho. Sobre este tema, a vice-procuradora-chefa do Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE), Clarisse Farias Malta, foi a entrevistada da semana, ao lado da delegada Lara Schuster, no podcast Bem Temperado, apresentado pelo professor e escritor Marco Sousa.
Durante a entrevista, a procuradora destacou como a desigualdade, historicamente, afeta a dignidade e a vida de mulheres. “São muitos os casos de violações em relação às mulheres no mundo do trabalho. Entender esse contexto passa pelo aspecto histórico e, no trabalho, sempre houve uma divisão muito clara e desigual de gênero”, afirmou a procuradora.
A culpa nunca é da vítima
Outro ponto abordado no podcast foi o receio que muitas vítimas têm de denunciar os agressores. A procuradora acredita que o julgamento social ainda é um obstáculo. “Precisamos tirar o foco da conduta da vítima. A cultura do silêncio é bastante alimentada por uma desigualdade estrutural, que deslegitima a dor da vítima. Comentários como: “Por que ela não denunciou? Ah, ela estava usando determinada roupa”, só aumentam o medo de a mulher denunciar. Essa visão deve ser mudada”, afirmou.
A delegada Lara Schuster, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), falou sobre os avanços, a partir da Lei Maria da Penha, que completa 19 anos nesta quinta-feira (7). “Em Sergipe, não temos registro de nenhum caso de mulher, que estivesse protegida pela Lei Maria da Penha, e tenha sido vítima de feminicídio. As medidas protetivas são mecanismos que têm se mostrado muito eficazes para as vítimas”, explicou a delegada.
Valorização no trabalho
A vice-procuradora-chefa Clarisse Farias Malta também ressaltou a necessidade de as empresas adotarem políticas efetivas de valorização e proteção das mulheres. “As mulheres assumem trabalhos mais precarizados, invisibilizados e de baixa remuneração, enquanto homens alcançam posições de gestão e liderança. As empresas e instituições não podem pensar que prevenir a violência e o assédio no ambiente de trabalho é um favor, porque não é. É um dever ético, constitucional e humano”, pontuou.
A entrevista completa está disponível no canal do podcast Bem Temperado, disponível no YouTube.